quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

as insónias



e mais uma vez começa a maratona. deita, fecha o olho, vira, ajeita o travesseiro, ai to com calor, tira uma coberta. abre o olho, vira pra lá, olha pra o lado e percebe que a competição já ganhou. já está dormindo. vira de barriga pra cima e olha pro teto. aceita a derrota, abre o computador. checa o email, posta uma foto, lê. fecha o computador, põe ele no lugar, afofa o travesseiro, tenta achar uma posição. o que foi esse barulho na rua? deve ser mais um coibrão que se passou no vinho e está a cantarolar. sede. vai na cozinha, aproveita e faz pit stop no banheiro, volta pra cama. senta. abre o computador, resolve escrever... as insónias são pequenos organismos que vão sorrateiramente caminhando pela cama e entram no ouvido das pessoas, quando lá se instalam fazem a festa. com tamanho barulho em seus ouvidos, não há o que fazer, a não ser esperar que elas se aquietem, ou que vão embora. misteriosamente as insónias também tem o controle do tempo, fazendo as horas passarem mais rapidamente quando nos impedem de dormir. ai quem me dera não ser um zumbi no dia seguinte....

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

hiato




quando o stress cessa por um instante isso faz tão bem. tudo foi lido, escrito, analisado, apagado, reescrito, refeito, ajustado, referenciado, relido e entregue. pausa. ai coisa boa esse não-ter-o-que-fazer durante uns diazinhos. posso ir e vir. posso ler o que gosto. posso aproveitar o sol. posso cozinhar para as romenas. posso passear no parque. posso assitir aquele filme que ocupa espaço no hd há pelo menos dois meses. posso pegar um trem. posso tomar um café vendo a vida passar. e isso faz tão bem ao vivente...


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

falling down, falling down


fui lá. nem estava muito animado para ir, afinal, já tinha lido tanto sobre, visto tanta foto que achei que não ia descobrir nada surpreendente. assim como a ponte, minhas imagens pré-concebidas caíram. me enganei feio. achei que ia gostar, mas não achei nunca que iria gostar nessa intensidade que pulsa em meu córtex temporal. cada esquina tinha uma cor nova, um som, um gosto novo, um cheiro completamente inusitado. imagens do passado re reorganizavam em minha cabeça num carrossel que girava sem parar sem parar sem parar sem parar. me faltavam os amigos, que pulavam dentro de minha cabeça cada vez que eu via algo que sei que iriam gostar. percebo, após demasiado tarde que o que realmente importa é quem está contigo e não onde tu estás. ai se todos coubessem na minha mochila-que-nao-pode-exceder-20-por-40-por-55-centímetros. voltarei com certeza, muitas vezes, quantas forem possíveis, ou até insensatas vezes impossíveis.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ensinamentos



dizem cá que foram eles que inventaram essa coisa chamada saudade. deve ser. e ensinaram bem. sinto-a todo dia, não o tempo todo, mas basta uma coisinha me lembrar de alguém, um cheiro espiralar perto de minhas narinas, que lá vem ela. saudade é o amor que fica, dizem por aí. saudade é o amor que eu levo de um lado pro outro, isso sim. saudades de coisas que nunca achei que iria sentir, de lugares que já havia cansado de ver. essa falta que sinto dos meus livros, um do lado do outro, por cima do outro, esmagando o próximo por falta de um espaço maior, juntando o pó dos dias que passam. saudade de risadas e gritos e gargalhadas. eis que então um sorriso amigo desce do trem. alegria, conversa, sinto-me em casa fora de casa. sons que soam naturais aos meus ouvidos. saudades um pouco sanadas.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

chapéu de chuva




e como chove cá! semanas a fio a chover sem parar. coimbrões acostumados com isso nem reclamam mais. eu vim do pântano, eu deveria estar acostumado. deveria achar normal. não acho. foi-se o tempo em que a chuva era boa companhia. agora o que eu quero é sol. e verão. é estranho sair do inverno e chegar no inverno. novamente casacos e jaquetas e mantas e luvas são companheiros fiéis. e o guardachuva, o chapéu de chuva, como insistem os coimbrões em dizer cada vez que chamo meu companheiro protetor pelo nome me foi ensinado. reaprender a falar a própria língua é novo. as vezes irritante, mas como isso não se chama assim? como esse acento não é circunflexo? como se diz isso? e não, não sou do rio. não moro nem perto do rio. sabes onde fica o uruguai? pois é lá. bem lá. o uruguai é o pátio da minha casa. e pinga e chove e pinga e chove e venta. apertando a manta subo as escadas monumentais, sono pós almoço, aula a tarde toda. e chove e pinga e chove.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Agora sou imigrante em Coimbra!

Para começar os trabalhos deixarei clara minha devoção a um grande mestre, mestre esse que inspira o nome deste blog: Bruno Aleixo. Em sua emblemática infancia nosso herói almejava ser imigrante em Coimbra e poder dormir em sua própria cama! Cá estou eu, não nascido em Coimbra, mas dormindo em minha própria cama! Pretendo cá despejar coisas que encontro pelas ruas dessa cidade, entre uma capa preta e outra, em alguma ruelinha qualquer onde se apertam todos para fugir das chuvas.




Até logo pá!